O caso mais recente de ataque à chamada Blogosfera Policial aconteceu em São Paulo, não por acaso o “olho do furacão” da atual onda de inquietação que se instalou em todas as polícias estaduais do país.
O blog Flit Paralisante, criado pelo delegado de polícia de SP Roberto Conde Guerra, foi retirado do ar por determinação judicial. Em um processo em trâmite na justiça paulistana, o juiz intimou o Google, responsável pelo portal de blogs Blogspot, a retirar o blog do ar sob pena de multa diária.

Fato inusitado é que o processo foi instruído sem mesmo que se percebesse o endereço url (domínio) onde efetivamente o blog era hospedado. Isto porque, quando o editor criou o blog em 2007, devido à um erro de digitação, ao invés de ficar “flitparalisante” ficou “flitparasilante”, peculiaridade não observada no processo judicial, o que levou o juízo a cogitar tratar-se de uma artimanha para desrespeitar a ordem. Lamentável. Lamentável também porque, assim como ocorreu no caso do erro judicial que tirou do ar um blog sobre a rede Twitter, outro blog - que não era do delegado - se deu mal dessa vez.
Ainda não consegui saber os pormenores do processo, nem quais foram as motivações para esta medida de censura, a não ser as irregularidades denunciadas pelo delegado que subscreve os posts do Flit Paralisante, ou sua persistência na defesa da moralidade na administração. Todavia, é uma evidência irrefutável do medo daqueles que defendem com todos os meios possíveis (ou não) suas cadeiras e cargos comissionados, e o que mais estiver agregado à estes.
Dizem que o site da ADESP também sofreu ataques, e ainda diversos vídeos que estavam hospedados no site Youtube foram removidos. Vídeos estes que documentavam a confusão entre a tropa do governo e policiais civis e militares que realizavam uma passeata, um retrato da falta de capacidade administrativa do governo de SP.
Não foi a primeira vez, e esperamos que tenha sido a última, que o Poder Judiciário é utilizado para alcançar resultados repressivos, distintos do que se espera em uma sociedade democrática, com uma Constituição que prevê direitos e deveres como a do Brasil, dentre eles o da livre manifestação não anônima.
Se o entendimento é de que o autor do blog cometeu algum crime, que se apure isto no processo, mas impedir a livre circulação da informação, ferindo o direito dos leitores que debatiam naquele espaço, é intolerável. O blog Flit Paralisante cumpria (ainda cumpre, felizmente) com maestria o papel de propagador da informação, daquelas que não estão na imprensa e sobre as quais o governo não consegue controlar. A informação verdadeira, diga-se.
Que o nobre e combativo delegado não desanime, e que reúna forças para continuar esta brilhante campanha de união, inédita na PCSP, e informes para os colegas d’além dos limites do estado de São Paulo.
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