Hoje o dia no serviço foi bem calmo (melhor nem falar pra não dar má sorte). Tanto que dei uma corrida no Museu da Polícia Civil. Sempre fui desinteressado em história, na verdade me considero um total ignorante no assunto, e por isso os textos abaixo foram, senão copiados na totalidade das placas espalhadas no museu, ao menos adaptados de forma livre.
Por incrível que pareça muitos policiais (inclusive os mais velhos) nem sabem que o museu está no “Prédio Velho” da PCERJ. É com esse nome “carinhoso” que desde 1978 é conhecido o edifício da antiga Polícia Central.
Ele foi inaugurado em novembro de 1910 para ser sede dos serviços centrais da Polícia Civil do Distrito Federal, na época em que o Rio de Janeiro era a Capital do Brasil. Compreendia a Chefatura de Polícia, as Delegacias Auxiliares (especializadas), a Polícia Técnica com os gabinetes de Identificação (hoje o IFP), o Gabinete Médico Legal (hoje IML) e o Gabinete de Perícias Criminais (hoje ICCE), além da Escola de Polícia e da Administração Geral.
Até a instituição de uma Polícia Federal independente após 1964, a Polícia Civil do Distrito Federal (hoje PCERJ), subordinada ao Governo Federal, além de responsável pela segurança pública local, estendia suas atribuições a todo o território nacional, na repressão aos crimes de interesse da União.
O Chefe de Polícia, cujo gabinete era instalado no 2º andar do prédio, tinha status de Ministro de Estado, e era auxiliar de inteira confiança do Presidente da República, com quem mantinha estreito relacionamento e a quem prestava constante assessoramento, sendo por ele escolhido.
Atualmente o prédio de fantástica arquitetura e históricas passagens encontra-se abandonado pelo Governo, está com várias partes interditadas devido à risco de desabamento, e literalmente decompondo-se. Sim, muita coisa ruim aconteceu lá, era a sede do DOPS na época da Ditadura Militar, palco de intermináveis sessões de torturas e suicídios provocados, digamos assim. Mas a história, mesmo ruim, não deve ser esquecida e abandonada, e sim lembrada para que nossos erros não sejam repetidos, pois volta e meia ouço algum desavisado torcendo pela volta da ditadura militar. Mas esse assunto e o abandono do prédio falaremos em um outro post, não hoje.
Chega de embromar, vamos à algumas informações coligidas no local. As fotos não ficaram lá muito boas, eu realmente tenho muito que aprender no manuseio das funções da máquina. Mas foi o possível...
A Polícia Civil, entre 1866 e 1969 possuía corporações uniformizadas para cumprimento do policiamento ostensivo como atribuição originária. A Guarda Urbana, criada em 1866 para a vigilância contínua da cidade; a Guarda Civil criada em 1904 para atribuições mais ampliadas de policiamento uniformizado; a Polícia Especial criada em 1932 para controle de distúrbios, missões policiais de alto risco e segurança pessoal do Presidente da República; e finalmente a Polícia de Vigilância, criada em 1960 pela transformação da antiga Polícia Municipal do antigo Distrito Federal.Durante a existência dessas forças, cumpriram sua missão com disciplina, eficiência, honestidade e coragem, sendo quase inexistentes desvios de conduta que resultasse em publicidade negativa para a Polícia. Sua extinção em 1964 durante o governo militar representou um grande retrocesso em comparação às Polícias da Europa e Estados Unidos, onde a segurança pública nos limites de uma circunscrição policial é de competência da Delegacia Policial (ou Distrito ou Comisaria), unindo os efetivos encarregados no policiamento uniformizado com o pessoal da polícia judiciária em estreita colaboração para prevenção e repressão criminais, aumentando a eficiência do trabalho policial e fixando responsabilidade pelo controle da incidência criminal na área.
Grande parte dos policiais civis nos últimos 30 anos do século 20 pertenceram à Guarda Civil, Polícia Especial ou Polícia de Vigilância, e à semelhança do que ocorre nas polícias estrangeiras ascenderam do policiamento uniformizado para os cargos da polícia judiciária.
Em 24 de Fevereiro de 1904, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil. O então Presidente Campos Sales criou a Guarda Civil do Distrito Federal, corporação pertencente aos quadros da Polícia Civil do Distrito Federal, quando era Chefe de Polícia o Dr. Antonio Augusto Cardoso de Castro. A Guarda Civil seguia o mesmo modelo adotado pela antiga Guarda Urbana durante o governo Imperial, e foi extinta pelo governo militar.O efetivo inicial era de 256 guardas, e em 1907 passou para 1500 servidores, e destinava-se ao policiamento ostensivo uniformizado do Distrito Federal. Foi também empregada no policiamento de trânsito, nos plantões das Delegacias Policiais e mantinha um efetivo permanente no Palácio do Catete até 1960, quando foi transformada na Guarda Civil do Estado da Guanabara. A antiga sede da Guarda Civil na Praça Tiradentes hoje é ocupada pela PMERJ. O uniforme verde na foto acima era o adotado pela Guarda em 1948.
Abaixo algumas fotos das cédulas de identidade policial, quando o Comissário de Polícia era um cargo (hoje é a classe mais alta do cargo de Inspetor de Polícia e OCP), e tinha status de Autoridade Policial. Também foto do helicóptero da Polícia utilizado nas missões de alto risco, época em que integrantes das polícias européias e americana frequentemente visitavam o Brasil espantados com a qualidade do trabalho operacional da Polícia brasileira. Ah, e não podia faltar fotos dos Opalas, nas características cores preta e branca, uma identidade visual que foi surrupiada pelos últimos des-governos (isso será assunto de outro post também...).
Outras fotos, Frascos farmacêuticos de cocaína. O velho "Conto do Paco". Até hoje tem gente "olho grande" que cai no velho golpe que atrai os menos inteligentes e mais gananciosos com a ilusão de conseguir dinheiro fácil... Esta estátua de madeira foi encontrada por agentes da Divisão de Repressão à Entorpecentes em 11/09/90 no Morro do Juramento. As pessoas que eram executadas pelos marginais no alto do morro morriam abraçadas e beijando a imagem. Um vitral do prédio do museu, Estados Unidos do Brasil. Reparem que está quebrado. O prédio foi abandonado pelo Governo do Estado e está caindo aos pedaços, literalmente. Registro de Ocorrência? Não, Livro de Ocorrência, onde eram consignados os fatos policiais e as notícias crimes. Mais uma do Livro de Ocorrência de 1947. Veja como eram fichados os criminosos na época.Enfim, há muito a ser visto no Museu da PCERJ. Na verdade muita coisa que eu pretendia fotografar e colocar aqui para vocês não estava lá, como as armas de fogo (inclusive a metralhadora MP-40, clássica dos games de guerra), ou os Laudos Periciais antigos, com muito menos recursos e muito maior qualidade. O problema é que após um período de chuvas recentes o velho prédio não aguentou as inflitrações, e o material teve que ser guardado pelos zelosos servidores que lá estão lotados, mas estará de volta já pra semana que vem provavelmente. Enquanto isso, visite pessoalmente o museu, a entrada é gratuita. Procure o vice-diretor Wilson Vieira, ele está sempre por lá e sabe tudo que você pensar em perguntar. Clique aqui para ver o site oficial do Museu da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.