Além do grande número de comentários no blog, também recebemos diariamente inúmeros e-mails, a maioria perguntando como entrar para este ou aquele órgão. Outros tantos de congratulações de pessoas que têm igual pensamento ao aqui exposto sobre a segurança pública em termos nacionais. Recebi porém no dia 17 último o primeiro e-mail criticando negativamente os posts do Caso de Polícia, ou melhor, criticando os policiais civis mais especificamente.
Ótimo saber de opiniões diversas, e perfeitamente compreensível o tom de desabafo. Mas como o antigo post CORE x BOPE foi ressuscitado e o debate já começou a descambar para disputas de vaidades, achei legal comentar esse e-mail que traz à tona o cenário de disputas institucionais. Omiti o remetente da mensagem pois o propósito não é revidar as acusações e sim transforma-las em informações, mas mantive o texto intacto, sem edições:
From: xxxxxxx@xxxxx.com Assunto: Policiais civis antro de arrogantes Mensagem: Meu amigo, não sei o teu nome e nem quero saber. Por acaso entrei no seu blog e deu para perceber o quanto você é arrogante e prepotente tal qual a sua corporação. Policiais civis em todo o Brasil são elementos prepotentes, arrogantes e acham que são cidadãos de primeira categoria, melhores do que todo mundo. Nas delegacias tratam os cidadãos com desídia, de cara feia e etc. Eu estou falando isso porque, além de ser policial militar, sou cidadão e, como tal, já precisei de serviços de vocês e fiquei muito decepcionado. O problema, cidadão de primeira categoria, é que a Polícia Civil quer sempre estar na frente da Polícia Militar, pois, senão vejamos: a PMERJ criou o BOPE, para atender ocorrências mais complicadas e, logo em seguida, a PC criou o CORE para fazer frente ao BOPE e, quem sabe,para competir; enquanto o BOPE utiliza em sua insignia a imagem de uma caveira, uma faca e dois REVOLVERES cruzados, a Polícia Civil, para passar uma imagem mais forte, utiliza a caveira, uma faca e dois FUZIS cruzados e ainda quer blindados especiais, importado de Israel, jogando pelo ralo o suado dinheiro dos contribuintes(é brincadeira...). Ora, por favor! sejam mais humildes, vivam a realidade, estamos todos no mesmo barco... aqui em Minas Gerais, as coisas não são diferentes, não. Aqui a PMMG criou uma força especial com a mesma finalidade do BOPE e logo em seguida a Polícia Civil criou um grupo chamado GERE, desnecessariamente, só para não ficar atrás da PM, (pois acho que eles pensam assim), compraram viaturas especiais para exercerem serviço de polícia ostensiva, cuja atribuição é da PM, usurpando assim, uma função que não é deles e, como no Rio, gastando mal o dinheiro do Estado. Constantemente, nós atendemos ocorrências envolvendo policias civis, que vão desde o detetive ao delegado e eles não querem ser importunados,pois acham que, por serem cidadãos de primeira classe, podem sair por aí praticando crimes e sairem impunes e, quando vêm que a coisa está complicada, telefonam para o instituição deles pedindo ajuda e imediantamente comparecem ao local várias viaturas, com homens fortemente armados, com as mesmas em punho, ameaçando os PMs para dessa forma, resgatarem o policial infrator (o delegado Utch que o diga) é um absurdo! e isso acontece todos os meses, é o cúmulo da arrogância. Todos nós somos sujeitos às leis; ninguém é melhor do que ninguém, não. Devemos remar o barco na mesma direção. Quanto às criticas ferrenhas que você faz à Força de Segurança Nacional, digo que você só o faz porque ela é composta por policias militares, se fosse por policiais civis, você, com certeza, não estava criticando, pelo contrário estava apoiando e aplaudindo. É a primeira vez ( e a última ) que eu acesso o seu blog e, de cara, deu para perceber o quanto você é parcial e corporativista,não tem nenhuma afinidade com a PM, muito menos com o BOPE. Os cita no seu blog só para despistar. Nós precisamos de amigos verdadeiros e não traíras, fingidos. Sinceramente!!!Bom, então peço a devida licença aos leitores do CdP para comentar a mensagem acima reproduzida, e aproveitar para, novamente, tratar da suposta disputa entre a Polícia Civil e Polícia Militar, retendo a atenção às do Rio pois são as que conheço de perto, mas com a noção de que a mesma ladainha se repete em outros estados.
Reafirmo, não acredito em disputas institucionais, apesar de observar algumas demonstrações neste sentido em mensagens individuais na internet. Nestes casos, o “debate”, que rapidamente transforma-se em troca de farpas, parece muito mais com disputas típicas de torcedores de clubes de futebol; cada um defendendo seu time, omitindo suas falhas e apontando as alheias, tudo movido por paixão irracional e diria, inexplicável. Sim, porque, tal como no futebol, defendemos com paixão nosso time que volta e meia nos deixa com raiva, nos faz passar vergonha. Nas polícias é igual, os torcedores ralés (nós) ficamos discutindo o sexo dos anjos enquanto os jogadores (políticos e alguns dirigentes) enchem a burra de dinheiro e estão literalmente cagando se o time vai ser campeão ou não.
Eu leio as manifestações e ataques de policiais civis e militares, uns se achando melhor que outros. Leio mas não vejo. Fisicamente, no dia a dia, não vejo colegas perdendo tempo com essas esquizofrenias. Se qualquer um grita no rádio “PRIORIDADE” aparece todo mundo, ninguém fica se perguntando se a viatura policial em dificuldades é da PCERJ ou PMERJ.
Se você acompanha os noticiários policiais do Rio, aposto que freqüentemente vê fotografias de policiais civis e militares lado a lado, na mesma missão, no mesmo perrengue. Juntos!
Quem afirma que uma corporação é melhor do que a outra está mentindo para si mesmo. Porque as atribuições e as organizações são totalmente diferentes, e comparar melão com melancia não dá certo. Para analisar onde uma seria melhor que outra, é necessário encontrar um ponto em comum, e o único ponto em comum que temos é que todos estamos na rua da amargura, desvalorizados, endividados, sem credibilidade, e tendo que dividir a nomeclatura de nossos cargos com pessoas de moral duvidosa.
A leitura que você, amigo do e-mail, fez do Caso de Polícia deve estar equivocada. Na verdade, diante das afirmações que colocastes em sua mensagem acredito até que você não leu este blog, e sim algum outro e mandou e-mail pro endereço errado. Do contrário no mínimo saberia meu nome, mas isso é irrelevante no assuntode agora.
Para não ficar repetitivo, vamos encurtar: não sei se em Minas é como você diz, espero a opinião de outros colegas, mas aqui no Rio o tratamento dispensado à população é ineficiente e inadequado, pelos motivos que já observamos em diversos posts, então você nos atribui uma falha que nós mesmos já apontamos aqui; intempestivo. As viaturas policiais ostensivas que a PCERJ usa são frutos dos últimos governos populistas, que enganam o cidadão dizendo que melhorou a segurança pública pintando delegacias e batalhões, e exibindo na rua os carros de polícia vistosos, novinhos, adesivos e giroscópios reluzentes. Viatura ostensiva não nos serve para investigar, não queremos ser vistos pelos investigados circulando por aí, mas é só o que temos recebido. Como sempre, não há interesse em uma polícia que investigue com eficiência, vide os problemas que a Polícia Federal vem criando depois que “libertaram o monstro sem cabeça” que hoje pisa em qualquer rabo que ficar de fora.
Também, a maioria dos policiais civis não querem fazer ronda, patrulhamento, blitzens. Assunto já tratado aqui também, mas a força política que interfere na gerência da PCERJ gosta assim. O povo vê e se sente seguro, como se fosse possível colocar um policial em cada esquina e garantir a segurança da cidade toda, ou melhor de todo o estado.
Não sei de histórias de enfrentamento com armas em punho entre policiais civis e militares no Rio para defender um membro de sua corporação, ainda mais no caso deste membro ser o criador de problemas. Não sei como funciona em Minas, mas no Rio policial militar prende policial civil se este cometer crime, e vice-versa. Já vi vários casos, de várias maneiras. Se houver reação tem nome: Resistência.

Em todo caso, quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, quem é mais bonito, quem é mais charmoso, tudo isso realmente e sinceramente não me interessa muito. Estou mais interessado em poder sair à noite para beber uma cervejinha e voltar para casa sem ficar escolhendo o caminho mais seguro e rezando para não ser meu dia. Só isso.
Amigo, você deve ter tido uma experiência ruim com colegas ruins, mas não limite seus pensamentos. Bons e maus colegas existem, aos montes, com ou sem farda.
Eu não tenho, enquanto cidadão e enquanto policial, nenhuma reclamação quanto aos policiais militares pessoalmente. Todas as vezes em que fui abordado o clima foi sempre de respeito e cordialidade. Aliás, no caminho da DP onde estava ano passado para minha casa tinha uma cabine da PMERJ (na Linha Amarela) onde volta e meia eles me paravam, e eu torcia para não ser parado. Porque todas vez que isso acontecia, dificilmente conseguia sair dali em menos de 1 hora, já que começa o bate papo, “conhece fulano”, “ih, governo safado hein”, aquelas coisas, e já era.
Briguinha de vaidades? Pra mim é balela, pelo ao menos no que diz respeito aos policiais que trabalham de verdade, que se dão nos balcões das DPs e nas ocorrências de rua. O resto é vaidade, inveja e tentativa de ficar por cima promovida por pequenos grupos com interesses outros que da adoção de uma política de segurança pública eficiente. Mas do resto não participamos, porque o resto é resto.