A forma como a Polícia Civil vem sendo utilizada no combate à criminalidade do Rio de Janeiro é freqüentemente criticada aqui em nosso Caso de Polícia, e os leitores estão carecas de saber que defendemos o aprimoramento na estrutura de investigação, o investimento no servidor, uma remuneração que permita ao policial livrar-se dos malditos “bicos” de segurança privada, com dedicação exclusiva de seu tempo e saúde à função policial, dentre outros pontos.
Agora, é inegável que volta e meia seja necessária a realização de operações típicas de guerras nas favelas onde o tráfico de drogas mantém o domínio. Afinal, chegando ao ponto em que uma investigação consiga ordem judicial para prisão de um traficante, ou a localização precisa de quantidade razoável de armamento, não há outra alternativa senão o embate bélico.
Em algumas favelas onde houveram houve operações recentemente, as batalhas travadas entre os policiais e os marginais ligados à traficância não foram muito traumáticas. Trocas de tiro esparsas, uma clara demonstração de que os próprios bandidos evitavam o confronto e meio que resignaram-se à perda de algum material para que a presença policial acabasse o mais cedo possível.
Contudo, quando há resistência ao avanço dos agentes naqueles territórios dominados pelo narcotráfico, formado por bandidos com armas de grosso calibre e longo alcance, torna-se inevitável a morte de alguns deles. Felizmente para os policiais, por mais que o Governo não forneça meios, cada um cuida de seu próprio treinamento, e temos bons articulistas para planejar as ações de forma que sejam mais seguras à nós mesmos. Infelizmente, no meio disso tudo, estão pessoas inocentes, mas não mais inocentes que os próprios policiais que lá estão para cumprir sua função, em nome do Estado Democrático de Direito.
Excessos tenho certeza que ocorrem, a polícia é formada por pessoas, pessoas da sociedade (novamente, não viemos de outro planeta), e a sociedade tem pessoas boas e ruins; a identificação das pessoas ruins é que fazem de determinada sociedade uma coletividade mais cívica e justa. E essa não é a realidade de nenhuma instituição, pública ou privada no Brasil, nem das ONGs.
O problema é aturar os "pensadores da violência", que muitas vezes se antecipam ao esclarecimento dos fatos, e se aproveitam para ganhar espaço na mídia, como se ganhassem pontos disparando supostas denúncias de violência policial, que não raro logo em seguida acabam desmentidas, e muitas vezes sem que o próprio policial tente provar sua inocência. Muitas vezes, o denunciador contumaz das ONGs “quebram a cara”.
Também, teóricos acham que dedicando-se ao estudo do comportamento humano, a análise de pesquisas supostamente eficazes e complementando com noções de fatos históricos, conseguem ser autoridades no assunto “crime x polícia”. Desconhecem porém a parte prática, não se sujeitam à aproximação no campo de trabalho, e quando chegam a posições estratégicas, como membro da Secretaria de Segurança, nada fazem, assistem a todo o podre que corrompe as corporações policiais sem levantar a voz. Depois escrevem um livro em forma de ficção supostamente delatando sem dar nome aos bois. Ridículo, mas hoje estão todos empregados pelo poder público, e não através de concurso com baixos salários, mas sim por nomeação política, que paga melhor.

No texto Segurança a Sangue e Fogo, que pode ser lido na íntegra no sítio da referida ONG, um dos colaboradores faz a seguinte análise estatística para explicar como a Polícia do Rio é violenta e assassina cruel:
Por exemplo, dados dos últimos 15 anos mostram que a Brigada Militar do Rio Grande do Sul mata aproximadamente 0,25 opositores para cada opositor ferido em confronto, a PM de Minas Gerais mata 0,3 opositores para cada ferido, as polícias de São Paulo matam 1,5 opositores por ferido, e as polícias do Rio produzem mais de três mortos por ferido.Ignácio Cano, o autor do texto, é sociólogo (aha!) e professor da UERJ. Portanto, obviamente não é uma pessoa desprovida de luzes intelectuais. Mas faz uma análise fria e estúpida, se considerarmos o absurdo: policial também é gente!Dados divulgados recentemente afirmam que em São Paulo há 14 opositores mortos para cada policial morto em confronto, enquanto que no Rio a razão seria de 41 a 1. Um aumento das intervenções policiais provocaria um incremento no número de mortos, mas, se não houver uso excessivo de força, deveria resultar também num maior número de opositores feridos e de policiais vitimados. Não é isso o que acontece

O crescimento das favelas cariocas é culpa principalmente do governo municipal, já há muitos anos nas mãos de César Maia. Existentes as favelas e não removidos os invasores das áreas públicas e/ou de proteção ambiental, não lhes é proporcionado saúde, educação e saneamento básico pela omissão dos governos estadual (este há mais de 1 década com o PMDB), municipal e federal. O controle de natalidade é impraticável devido à intolerância religiosa que tem absurda força política. As famílias, desestruturadas, corrompidas pelo consumismo e exploração da cultura de liberdade sexual pela televisão criam os adolescentes em total anomia. E a Polícia tem que resolver tudo isso? E os policiais têm que morrer calados? Sim, porque, como é sabido, uma carteira funcional com a inscrição “Polícia” é a verdadeira Sentença de Morte em nosso Estado.
O foco meus amigos, o foco! Sim, é preocupante que uma força policial tenha tão alto índice de letalidade, mas generalizar os servidores e tentar coloca-los, aos olhos da sociedade, como pessoas reprováveis e dignas de desprezo e ódio é igualmente preocupante. A instituição policial é necessária em qualquer lugar do mundo e aqui não é e nem vai ser diferente.
Acompanhem sim as investigações dos casos que apresentem indícios de abuso de força, mas sem antes jogar palavras ao vento, difamar puramente. Acompanhem as investigações, ou melhor, tentem, aí sim verão o quanto a polícia investigativa está sucateada e abandonada por governantes populistas. Quem sabe não passam a cobrar do governo uma Polícia melhor, com policiais melhores, como nós ora fazemos. Criticar não vale nada (não aparentemtente né...) se não forem oferecidas propostas e soluções.
Enquanto isso, briguem e denunciem sim o que é conclusivo aos olhos. Critiquem e cobrem os governos no tocante à falência do sistema educacional, à lixeira humana em que foram transformados os hospitais públicos. Porque para isso não precisa investigar, ninguém tem que provar nada, uma máquina fotográfica resolve. Ou isso não dá notícia?