O LADP, a polícia de Los Angeles nos Estados Unidos, está com uma campanha de incentivo e recrutamento para seus quadros. É um programa de indicação, através do qual o policial que indica uma pessoa para se candidatar a uma vaga na seleção, recebe uma recompensa. É isso mesmo, o policial indica alguém para fazer o concurso, e se o candidato for aprovado, ele recebe um agradecimento em dinheiro pela indicação!
O policial da ativa ou reserva, convence os amigos ou familiares sobre o quanto é legal e emocionante ser policial, este amigo faz a inscrição, e quando ele se forma como um novo oficial de polícia, quem o indicou recebe U$1.000,00. Mil dólares por cada pessoa indicada que passa nos exames. Bom né?
Para nós, brasileiros, é uma situação surreal. Aqui as forças policiais são, em regra, muito mal pagas, mas mesmo assim o número de candidatos é gigantesco. Para se tornar policial no Brasil, o cara tem que concorrer com milhares de candidatos à uma vaga, e estudar com muita dedicação para ser aprovado nas provas, que na maioria das corporações são extremamente difíceis.
Isto é reflexo do desemprego elevado, não pela falta de postos de trabalho, mas pelo baixo nível de formação e qualificação da massa. Emprego não falta no Brasil, mas poucos tem o preparo técnico para desempenhá-lo, somos um povo notadamente sub-qualificado, reflexo da politicagem que mantém a sociedade alienada, inculta e indiferente aos fatos que extrapolem a esfera do futebol, Carnaval, religião, mulher pelada e cerveja.
Em nosso país, muitos entram para a polícia visando um emprego estável, e desses muitos, poucos querem de fato ser policiais. A consequência é este exército de pessoas que simplesmente não conseguem assimilar as leis, e que devem fazê-las serem cumpridas sem porém eles mesmos a descumprirem.

Por aqui entretanto, estamos muito longe de um quadro propício. Os baixos, ou as vezes indignos salários pago aos profissionais de carreira policial, cada vez mais, atraem os indivíduos que não tem formação, e afastam aqueles que se dedicaram à adquirir conhecimento. Estes nem cogitam entrar em nossas instituições falidas, e os que por acaso entram, percebem que não terão futuro, e retiram-se na primeira oportunidade, o que explica a assombrosa evasão de nossos quadros.
Tudo isso faz parte de um jogo de interesses, claro. Se em Los Angeles o interesse do Governo parece ser a prestação de segurança pública efetiva e de qualidade, no Rio de Janeiro é o oposto. O achatamento dos vencimentos dos servidores das áreas basilares da sociedade é a principal ferramenta para manter a jogatina política, os currais eleitorais, e principalmente a atenção voltada para a violência desenfreada, enquanto os cofres públicos são discretamente saqueados. Aliás, hoje já não tão discretamente, como podemos constatar. Ou será que fui eu quem entendeu tudo errado?
O que você acha?